sábado, 3 de outubro de 2009

UÁTAFAQUE, Monsieur le President????

Então começa a campanha para as autárquicas, e a primeira palhaçada é do Presidente da República?


Vamos lá então e troquemos isto por miúdos, como diria o Carlos Cruz.

"não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante"

Nem precisa. Gente importante manda os assessores contar isto aos jornalistas ao sabor dum cafezito da esplanada mais recatada. Temos um presidente chique, essa é que é essa.

"Desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer"

Chique, e com tomates, ainda por cima. Quantos são, quantos são?

"E tudo isto sendo sabido que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar."

Como aconteceu. Cavaco não só não desmente como reitera que os membros da casa civil podem falar em nome dele. Há dúvidas? Não? Já agora, não acham isto de falar de si mesmo na terceira do mais "Mestre Yoda" que pode haver?

"Porquê toda aquela manipulação? Transmito-vos, a título excepcional, porque as circunstâncias o exigem, a minha interpretação dos factos."

"E depois remeto-me outra vez ao silêncio, que isto de ouvir aquilo que o Presidente tem a dizer sobre assuntos de estado não pode ser todos os anos..."

"Outros poderão pensar de forma diferente. Mas os portugueses têm o direito de saber o que pensou e continua a pensar o Presidente da República."

Pois, mas afinal em raio estás tu a pensar, Aníbal, que já nos estás a dar seca há 5 minutos? Desembucha, homem!!!

"Durante o mês de Agosto, na minha casa no Algarve, quando dedicava boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que tinha levado comigo para efeitos de promulgação, fui surpreendido com declarações de destacadas personalidades do partido do Governo exigindo ao Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD (o que, de acordo com a informação que me foi prestada, era mentira)."

Gabarola, tanta coisa só para dizer que tem casa de férias no Algarve!!!

"E não tenho conhecimento de que no tempo dos presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam".

Mas então, se o podem fazer, porque raio é tão importante desmentir que o tenham feito?

"Considerei graves aquelas declarações, um tipo de ultimato dirigido ao Presidente da República.A leitura pessoal que fiz dessas declarações foi a seguinte (normalmente não revelo a leitura pessoal que faço de declarações de políticos, mas, nas presentes circunstâncias, sou forçado a abrir uma excepção)."

Ui, ui, agora é que vai ser!!!

"Primeiro: Puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias."

Embora nunca tenha deixado de ser militante, claro. Uma coisa não tem nada a ver com outra, por quem sois...pelo PSD, claro.

"Segundo: Desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos."

O desplante, com coisas tão secundárias como o facto do Presidente da República desconfiar que o governo o anda a espiar, tornando insustentável a tensão entre as instituições democráticas.

" Muito do que depois foi dito ou escrito envolvendo o meu nome interpretei-o como visando consolidar aqueles dois objectivos. Incluindo as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República. Incluindo mesmo as interrogações atribuídas a um membro da minha Casa Civil, de que não tive conhecimento prévio e que tenho algumas dúvidas quanto aos termos exactos em que possam ter sido produzidas."

"Aliás, só despeço alguém que trabalha comigo há mais de vinte anos se não tiver a certeza que ele fez alguma coisa errada"

"Mas onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das declarações políticas de outrem?"

Nenhum. Assim como não o é passar essas suas interrogações, alegadamente a pedido do próprio PR, a um jornalista. Mas se não é crime de lesa-presidente, porque raio o despediu? Ah, pois é, porque não tinha certeza se o tinha feito ou não...

"E a mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um e-mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário, sobre um assessor do gabinete do Primeiro-Ministro que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira, em Abril de 2008. Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas."

"Mas pelo sim, pelo não, despedi o Nandinho e mandei inspeccionar o meu gabinete"

"Não conheço o assessor do Primeiro-Ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu durante a minha visita à Madeira e se disso fez ou não relatos a alguém. Sobre mim próprio teria pouco a relatar que não fosse de todos conhecido. E por isso não atribuí qualquer importância à sua presença quando soube que tinha acompanhado a minha visita à Madeira."

Ou seja, era apenas mais um mitra a comer à borla na mesa presidencial sem ninguém o ter convidado. Deve haver muitos, então. Para a próxima reserve aí seis lugares que os Gaijus andam com uma larica...

A primeira interrogação que fiz a mim próprio quando tive conhecimento da publicação do e-mail foi a seguinte: “porque é que é publicado agora, a uma semana do acto eleitoral, quando já passaram 17 meses”?

E não foi "porra, porque raio anda um assessor meu a contar secretamente aos jornalistas das minhas suspeições do Governo"?

"Liguei imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto. E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas."

Pois, não há mal nenhum num assessor, membro da casa civil e amigo pessoal do Presidente da República - um cidadão normalíssimo, portanto - desconfiar seja de quem for. Já dizer que foi o Presidente que o mandou chibar-se nos jornais é mais chunga, dizemos nós...

"Mas o e-mail publicado deixava a dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que vigora na Presidência da República: ninguém está autorizado a falar em nome do Presidente da República, a não ser os seus chefes da Casa Civil e da Casa Militar. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse. Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa Civil."

Já não tínhamos ouvido isto antes? Pronto, assim reforça a ideia...

"A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?"

Mas que raio tem isto a ver? Alguém mandou um mail da Casa Civil? Nicles. Alguém entrou secretamente nos computadores do "Público"? Nem por isso. Alguém anda a mitrar uma actualização à pála do anti-vírus dos computadores lá de casa e, já agora, do Magalhães dos netos? Ah, malandro!

"Foi para esclarecer esta questão que hoje ouvi várias entidades com responsabilidades na área da segurança. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir."

Ou seja, não há razão para suspeitar de escutas, mas pelo sim pelo não vamos lá ver onde é que elas andam.

"Um Presidente da República tem, às vezes, que enfrentar problemas bem difíceis, assistir a graves manipulações, mas tem que ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse nacional. Mesmo que isso lhe possa causar custos pessoais. Para mim Portugal está primeiro."

Para nós também, logo a seguir ao Benfica. Ó pra ele a ser estóico, todo "dêem-me que eu não me queixo, mas amuo".

"O Presidente da República não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja por quem for."

Excepto pelos Media, pelo PSD, pelo PS, pelo Sócras e pelos assessores. Ah, e os netos, claro.

"Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha eleitoral. Agora, passada a disputa eleitoral, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência, espero que os portugueses compreendam que fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: partilhar convosco, em público, a interpretação que fiz sobre um assunto que inundou a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez a ele eu me tenha referido, directa ou indirectamente. E sabendo todos que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que, sobre as suas posições, só o Presidente se pronuncia."

Do tipo "Vá, dêem valor a este gesto magnânime de dar o meu parecer sobre assuntos de estado de elevada gravidade, mas só porque ultrapassaram o limite da decência. Enquanto eram só moderadamente indecentes, ainda me marimbei para a cena"

"Uma última palavra quero dirigir aos portugueses: podem estar certos de que, por maiores que sejam as dificuldades, estarei aqui para defender os superiores interesses de Portugal."

Isso já sabíamos, senão não tinha feito tanto para que a Tia Manela perdesse as eleições. Escusava era de ajudar a ganhar ao Sócras ...

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Toca a mandar bitaites! Mas com higiene...